sábado, 20 de março de 2010

Leonel Nunes

"Leonel Nunes "O Homem do Garrafão" tem 56 anos e vive às portas da Guarda, na Rapoula, a terra onde nasceu. Aprendeu acordeão, «a ver o meu velhote que tocava concertina». Talvez tenha herdado do pai « a paixão pelos harmónicos». «Ando sempre a traquinar neles», diz Leonel, à medida que vai revelando uma colecção impressionante de foles, acordeõs e concertinas. Cada exemplar mais bonito que o outro. «Se for preciso faço um acordeão de raiz» e nós acreditamos, sim senhor. O acordeão que utiliza nos espectáculos merece um lugar de honra na sua oficina. Trata-se de um vistoso instrumento, que lhe custou «mil e cento e trinta contos» e que tem integrado um sistema «midi». Uma pequena «orquestra» portátil. Longe vão os tempos do seu primeiro acordeão, comprado em Timor, em 73, andava o Leonel na tropa.

Durante vários anos foi «construtor civil». Ao mesmo tempo, «por brincadeira» animava casamentos, baptizados e festas de amigos. Depois «o bichinho» foi mais forte e Leonel Nunes dedicou-se por inteiro à sua música. Depois de tocar «coisas de outros» decidiu-se a tratar das letras e das músicas. O seu primeiro êxito deve-se aos... tomates do irmão. A cantiga chamava-se « os tomates do meu irmão» e foi uma farturinha. Chegaram a chamar-lhe o «rei da cassete», tantas eram as pessoas interessadas no irmão (que afinal, nem sequer existe) de Leonel Nunes. O último trabalho tem também um título sugestivo: «Ela ficou na da mãe». Leonel, de semblante carregado, explica-me que o tema fala do «prato do dia, dos divórcios e da separações de bens». Outros temas: «Ela só quer minhoca», «Ela tem bom olho» ou «Põe-lhe o capacete». Só «cantiguinhas com este arzinho», ri-se Leonel Nunes. Malandreco."


Retirado do jornal Terras da Beira

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